Em Portugal: Justiça fiscal equitativa e avaliação rigorosa dos serviços públicos


O Estado social deve ser pensado «não por urgências financeiras, mas de modo a corresponder às exigências da coesão económica e social», referem as conclusões da Semana Social.

A Igreja Católica assumiu a necessidade de encontrar sinais e iniciativas de esperança que se contraponham à crise, propondo “uma justiça fiscal equitativa e uma avaliação rigorosa dos serviços públicos”, referem às conclusões da Semana Social.

Durante três dias (de sexta a domingo), cerca de 300 participantes refletiram sobre «Estado Social e Sociedade Solidária», no Porto (Casa de Vilar), onde se apelou a que o Estado Social seja discutido e pensado “não por urgências financeiras, mas de modo a corresponder às exigências da coesão económica e social, da justiça e da dignidade”.

Nascido na revolução industrial e depois dos “trágicos conflitos do século XX” tem de ser visto na sociedade contemporânea “sob a questão demográfica, da quebra de taxas de natalidade e do envelhecimento da população”, lê-se no documento conclusivo da Semana Social.

Neste sentido, o Estado social reporta-se “à sociedade toda”, uma vez que está relacionado “com a criação e consolidação de condições de coesão e de confiança”.

A reforma do Estado social deve estar baseada na “proteção de todos os cidadãos, no equilíbrio entre a livre iniciativa e a igual consideração de todos e no entendimento do destino universal dos bens da terra”.

Ainda neste domínio, o documento saído da Semana Social deste ano apela também para que esta reforma tenha em conta a “justiça distributiva entre grupos sociais e gerações e na complementaridade entre igualdade e diferença”, assim como para a “subsidiariedade e na participação de todos”.

“Importa encontrar novos estilos de vida, capazes de articular sobriedade e desenvolvimento” sublinha o documento final e acentua que importa “romper o descontrolo do endividamento e pôr cobro à escalada do desperdício e da destruição do meio ambiente”.

O valor da “poupança” e do “trabalho” têm de ser incentivados, “por contraponto ao endividamento e em defesa da equidade”, refere a nota.

As desigualdades sociais, a pobreza e a exclusão “devem ser contrariadas através de instrumentos públicos e de iniciativas solidárias, do sistema fiscal, da subsidiariedade e da cidadania ativa”, lê-se.

As semanas sociais são promovidas de três em três anos pela Conferência Episcopal Portuguesa, com a coordenação de um grupo presidido por Guilherme d' Oliveira Martins, e composto, entre outros por Alfredo Bruto da Costa, Eugénio Fonseca, padre José Manuel Pereira de Almeida e Joaquim Azevedo.




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