Nigerianos muçulmanos nos EUA rejeitam violência "selvagem" do Boko Haram

A comunidade nigeriana e muçulmana nos Estados Unidos rejeitou nesta quinta-feira em Washington a violência "selvagem" e contrária ao corão do grupo terrorista Boko Haram, que sequestrou mais de 200 estudantes menores de idade na Nigéria.

Membros de associações islâmicas e da comunidade nigeriana nos EUA se uniram assim para apoiar a libertação das meninas sequestradas pela organização terrorista, que promove o ensino exclusivo da lei islâmica.

"O ocorrido com essas meninas vai contra todos os princípios humanitários e transgride claramente as doutrinas do corão. Essa gente não respeita fé alguma", explicou Zainab Chaudhry, do Conselho de Relações Islâmico-americanos (CAIR).

Os EUA começaram a se mobilizar, quase três semanas depois do sequestro, com uma grande campanha para pedir a libertação das meninas, que, segundo fontes do Pentágono, devem ter sido separadas em grupos e, possivelmente, levadas para fora da Nigéria.

Um grupo de dez militares americanos procedentes da Europa e vinculados ao Comando da África deve chegar hoje à capital da Nigéria, Abuja, para se unir a outra dezena de oficiais que operam na legação americana nesse país.

Essa medida tem o objetivo de assessorar o governo da Nigéria sobre como avançar em direção ao resgate das meninas, informou hoje o Pentágono. Boko Haram, que significa "a educação não islâmica é pecado" em línguas locais, luta para impor a "sharia" ou lei islâmica na Nigéria, país de maioria muçulmana no norte e predominantemente cristã no sul.

O imã Mahdi Bray, diretor da Aliança de Muçulmanos Americanos (AMA), disse que a "educação ocidental ou de mulheres não é pecado; ao contrário de sequestrar meninas, aterrorizar e escravizar. Isso sim é pecado. Essas meninas também são nossas filhas", acrescentou.

Os representantes nigerianos e muçulmanos denunciaram as ações do Boko Haram como uma afronta à fé islâmica e um ato que merece uma resposta internacional de todas as religiões. 

Após os atentados de 11 de setembro de 2001, a comunidade islâmica nos EUA reagiu com muita rapidez e determinação para desvincular a fé muçulmana dos grupos terroristas extremistas que danificam sua imagem no país.


Os congressistas André Carson e Keith Ellison, os dois únicos legisladores muçulmanos dos Estados Unidos, também se somaram hoje à campanha contra o Boko Haram, que passou de um grupo terrorista relativamente pouco conhecido ao centro das atenções e das chamadas contra o extremismo na África Subsaariana.




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