Igrejas investem para atrair fieis em MT

                     

Vale tudo para se conquistar o maior número de fiéis, pelo menos essa é a impressão que as igrejas têm deixado, segundo o historiador Adilson José Francisco, professor da Universidade Federal de Mato Grosso.

Um dos grandes artifícios para “ganhar” mais ovelhas, segundo o professor, seria principalmente o investimento nas estruturas das igrejas, tanto católicas, quanto pentecostais e outras.

Uma espécie de “guerra” foi travada entre as denominações para ver quem tem o templo maior. “Antes as igrejas alugavam espaços, as cadeiras eram de plástico, e isso ainda acaba ocorrendo em bairros periféricos, mas a intenção é sempre levar as pessoas ao templo central, onde a realidade é diferente. As igrejas têm investido numa estrutura grandiosa para garantir a vinda e permanência das pessoas. Como no marketing, elas exploram o campo imagético visual”, afirmou. 

Essa que era uma realidade das grandes metrópoles, também se repete na região metropolitana de Cuiabá. Não é difícil ver os megatemplos, desde as igrejas católicas construídas com pomposo luxo e arte, até as igrejas pentecostais megaequipadas. 

“Em sete anos de estudos sobre igrejas, observei que em Mato Grosso o sujeito sempre transita de igreja em igreja. Por isso, quem oferece a melhor acomodação sai na frente”, pontuou Adilson. 

Em Cuiabá, temos o exemplo de igrejas como a Assembleia de Deus. Com uma estrutura projetada para ser a maior da América Latina, o Grande Templo possui, além de uma vasta área, livraria, rádio, escola e até universidade.

Já no bairro Cristo Rei, em Várzea Grande, foi construída a Igreja Batista Nacional, uma das maiores da cidade. Situada numa região privilegiada, o templo possui espaço para acomodação de duas mil pessoas. Também podemos citar as igrejas Universal, a Mundial, que em nada perdem em tamanho e artifícios para conquistar “rebanhos”. 

Já no caso da Igreja Internacional da Graça, que possui vários núcleos na cidade, há ainda a previsão de que a igreja entre com mais força na disputa por fiéis. Isso porque, na região do Porto, a igreja possui um terreno a perder de vista, onde uma nova unidade será construída. Todas as igrejas mencionadas na reportagem foram procuradas para posicionamento, mas nenhuma respondeu. 

Para o arquiteto José Antônio Lemos, sem dúvida a estrutura física das igrejas é um forte atrativo para as pessoas. Hoje, segundo Lemos, a ideia das denominações é cada vez mais encher de gente. “Eles usam o tamanho, a arquitetura, a beleza, para mexer com as pessoas e atraí-las”, confirmou o arquiteto. 

O professor Adilson Francisco ressaltou que um grande artifício utilizado pelas igrejas é implantar suas unidades em um lugar de fácil acesso e de grande circulação de pessoas. A localização, segundo o historiador, também tem um link político e se tornam espaços de poder, para conquistar favores, eleitores e outros. 

Para o mestre em Educação Reinaldo de Souza Marchesi, o crescimento das igrejas está correlacionado com o da estrutura.

“No Brasil, vemos que muitas igrejas ampliam seus espaços para receberem públicos cada vez maiores, dentro de uma lógica de pastoreio das massas. Os cultos e reuniões cada vez mais se baseiam em shows musicais e pregações de mais diversas perspectivas teológicas, que prometem curas, sucesso financeiro e realização amorosa”, afirmou Marchesi. 

O professor frisa ainda que, com igrejas que são “abertas em cada esquina”, existe uma competição pelo número de seguidores, pois segundo ele isso traz mais lucro.

“Muitas igrejas possuem grandes estruturas, faculdades, escolas, livrarias, etc. Não podemos deixar de observar que este é também um mercado altamente lucrativo que representa lucros altíssimos diante de diversos benefícios fiscais dados pelo governo através da bancada da frente parlamentar evangélica”, finaliza o professor. 




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