Lançada pedra fundamental da controvertida mesquita central de Colônia – Por Michael Borgers



Iniciada construção da casa de prece muçulmana em Colônia, por iniciativa da comunidade turca. Direitistas exploram medos: de extremistas islâmicos, à falta de vagas de estacionamento e o barulho do canto do muezim.

O partido que se denomina Pro Köln quer impedir a derrocada da cidade de Colônia. Há semanas, os populistas de direita vinham convocando os cidadãos para um protesto contra o lançamento da pedra fundamental da grande mesquita no bairro de Ehrenfeld, na manhã deste sábado (07/11). Não mais do que alguns gatos pingados atenderam ao apelo. Bem maior era o número dos policiais que cercavam os manifestantes, no tempo úmido de outono, enquanto estes aplaudiam oradores como o político alsaciano Robert Spieler. Que exigia em alto e bom tom: "Os turcos que voltem para a Turquia". Sem se deixar abalar pelas hostilidades, os próprios turcos presentes à cerimônia inaugural se retiraram para a tenda de festa, do tamanho de um campo de futebol, após passar diante canteiro de obras ainda maior. Aqui, eles pretendem celebrar, em 2011, a inauguração de sua mesquita.

Dos extremistas ao barulho do muezim

A primeira oradora dos celebrantes foi Ayse Aydin, porta-voz da União Turco-Islâmica do Instituto de Religião (Ditib) em Colônia. Ela classificou a construção da mesquita na cidade renana como um "processo histórico", complementando: "Um processo histórico para nós". O escritório de Aydin ostenta a maquete de dois metros de altura da futura casa de prece muçulmana. Para a porta-voz turca, o projeto vencedor possui algo que os outros não tinham: "Uma estrutura bem clara, que diz: 'aberto, transparente, convidativo e não fechado em si'". Ela afirma perceber, na obra dos arquitetos Paul e Gottfried Böhm, elementos que convidam a todos, em linguagem arquitetônica: "Entre, seja bem-vindo, ouse dar o passo, não tenha medo". E explorar medos obscuros é justamente a tática preferida do Pro Köln. Quando, em 2007, a Ditib anunciou seus planos de construção, formou-se rapidamente uma ala de críticos, com os direitistas à frente. Segundo eles, a mesquita central constituiria "um abrigo para extremistas". Além do mais haveria a ameaça de um caos de tráfego, carência de vagas de estacionamento. E de barulho, na forma do canto do muezim, de hora em hora.

Perigo do gueto

Na Igreja da Reconciliação de Karl-Heinz Iffland também se discutiu muito sobre o projeto da comunidade turca. Por exemplo, pelo fato de, ao lado da sala de preces, estarem previstos espaços comerciais. Ele, que atua há mais de 30 anos como pastor luterano em Ehrenfeld, realmente vê o perigo de um gueto islâmico. "Quando uma mesquita se torna cada vez mais um local de recuo, desperdiçam-se possibilidades." Como a de uma aproximação: o teólogo gostaria que cristãos e muçulmanos, alemães e turcos se conhecessem melhor. E preferiria que se desse fim ao debate sobre a construção da mesquita. Afinal, os colonianos têm que aprender a não ficar apenas falando de sua cidade cosmopolita. "As pessoas devem aceitar que se viva de acordo [com essa imagem]." Os membros de sua congregação atualmente concordam com esse ponto de vista.

"O islã é só o radicalismo islâmico"

Também o autor e jornalista Günter Wallraf acredita que toda comunidade religiosa merece ter um local de congregação digno. Ele ficou famoso no início dos anos 80 por trabalhar disfarçado de turco durante dois anos, em diversas firmas, publicando em seguida suas vivências com a discriminação. Desde a década de 1960, Wallraf vive em Ehrenfeld, e reconhece que essa parte de Colônia mudou muito no meio tempo – para melhor. "Os imigrantes que estão aqui animaram positivamente o bairro", que agora é um exemplo de integração bem sucedida para Wallraf. Ele antecipa os bons efeitos da nova mesquita sobre as vizinhanças: "Ehrenfeld não é exatamente rico em pontos turísticos", admite. Nesse ponto, o jornalista alemão coincide com Sadi Arslan, o presidente da Ditib. Durante o lançamento da pedra fundamental, este disse tratar-se de uma ponte entre ontem e hoje, e de um investimento em um futuro comum. E enquanto isso, o Pro Köln continua agitando. "O islã é exclusivamente o radicalismo islâmico", é uma de suas palavras de ordem. De que praticamente só os policiais tomam conhecimento, pois até os manifestantes da oposição há muito já foram embora.

Fonte: http://www.dw-world.de/dw

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