Santuários da região atraem dois milhões de peregrinos – Por Teresa M. Costa

O conjunto dos santuários localizados no território do Cávado e Homem atraem, anualmente, cerca de dois milhões de peregrinos, mas a rota do mariano, englobando vários países do sul da Europa, pode movimentar cerca de 20 milhões, acredita o presidente da Associação das Terras Altas do Cávado e Homem. Mota Alves, (ATAHCA) que destaca a dimensão que o fenómeno pode ter para o turismo e para o desenvolvimento local.

Mota Alves falava ontem à margem do I colóquio internacional 'A religião em movimento: peregrinações espirituais e turismo sacro' que trouxe à Universidade do Minho (UMinho) diversas abordagens, numa parceria da ATAHCA e do Instituto de Letras e Ciências Humanas (ILCH) da Universidade do Minho.

O presidente da ATAHCA lembra que já há uma rota internacional dos santuários marianos e sustenta que podem ser criadas diversas rotas, com início em diferentes locais e que termine em Fátima, com passagem nas Terras Altas do Cávado e Homem, à semelhança do que acontece com os Caminhos de Santiago.

“Seria uma rota para fazer em vários dias, a pé, de bicicleta ou de carro” aponta Mota Alves, lembrando que a Abadia, no concelho de Amares, é um dos santuários marianos mais antigos de Portugal e da Península Ibérica.

O dirigente da ATAHCA considera que é possível rentabilizar a procura dos santuários marianos do ponto de vista do turismo, nas vertentes da restauração, do alojamento, do comércio local e dos produtos regionais.

“Os peregrinos vêm por questões religiosas, mas não deixam de ter uma componente económica” salvaguarda aquele responsável.

Basta estar atento aos números dos santuários de referência da região para perceber a sua importância económica: S. Bento da Porta Aberta, em Terras de Bouro, atrai cerca de 800 a 850 mil peregrinos por ano.

O santuário do Sameiro mobiliza cerca de 300 mil peregrinos e a soma do conjunto dos santuários como Abadia, Porto D' Ave e Alívio chega aos cerca de dois milhões de peregrinos, não só da região, mas de outros pontos do país e até de Espanha, refere Mota Alves, realçando que “esta área tem de ser privilegiada por quem tem responsabilidades na área do turismo”.

O presidente da ATAHCA lembra que Braga já tem uma entidade que pensa o turismo religioso, a cooperativa TUREL, mas há parcerias a estabelecer com a Igreja, com a Entidade Regional de Turismo e as universidades e, acima de tudo, uma estratégia comum a definir.

Lourdes, Covadonga e Fátima mobilizam 15 milhões de peregrinos. “Se acrescentarmos todos os outros santuários e mosteiros de menor dimensão temos cerca de 20 milhões de peregrinos” destaca Mota Alves.

“Independentemente da motivação, todos os peregrinos seguem um itinerário, um caminho que tem de ser mostrado e são, ao mesmo tempo, consumidores de bens e serviços” aponta o docente do Departamento de Filosofia da Universidade do Minho, Luís Pereira Teixeira que também defende que é preciso criar um conjunto de roteiros.

O docente lembra que a disciplina de Turismo Religioso, criada como unidade curricular do Departamento de Filosofia da 
Universidade do Minho  dá relevância a esta questão que “pode ser factor estratégico de desenvolvimento”.

Luís Pereira Teixeira exemplifica com a recuperação e valorização do património, “riqueza cultural que pode ser partilhada num roteiro pois faz parte do nosso país e muitas vezes está escondida”.

Para o docente da Universidade do Minho, o turismo religioso agrega três grandes realidades: o turismo cultural, a vertente religiosa e a peregrinação.






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