Igreja alerta sobre tráfico de pessoas na Campanha da Fraternidade 2014 – Por Beatriz Gomes

Secretaria registra 13 casos com indícios de tráfico humano no Estado, em 2013.

O tráfico de pessoas, que teve 13 casos registrados pela Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejus) no ano passado no Amazonas, entra no debate da Igreja Católica. O crime é tema da Campanha da Fraternidade de 2014 intitulado: 

‘Fraternidade e Tráfico Humano’

Anunciado nesta quarta pela Arquidiocese de Manaus. O arcebispo metropolitano de Manaus, dom Sérgio Castriani, observa que a evangelização chega a muitos lugares distantes e isso ajuda na discussão do tema para conscientizar as pessoas a fim de entender e combater o crime. 

“A Igreja quer somar às instituições para superarmos essa vergonha para a humanidade que é o tráfico humano de maneira geral. Qualquer situação de escravidão rouba a dignidade humana”, disse Castriani.

A abertura da campanha será na Quarta-Feira de Cinzas com uma celebração, às 9h, no Porto da Manaus Moderna, atrás do Mercado Adolpho Lisboa, no Centro Histórico de Manaus. “Todas as expressões religiosas estão convidadas, pois esse é um problema de todos”, disse o arcebispo.

A Região Norte possui 76% das rotas de tráfico de pessoas do País, segundo a mais recente pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual Comercial no Brasil (Pestraf), realizada em 2002.

Para a diretora do Departamento de Direitos Humanos da Sejus, Seilani Almendros, a partir da informação as pessoas conseguem identificar a violação de direitos que muitas vezes fazem parte da cultura de um local. 

“As pessoas confundem quando há o consentimento da vítima. Mas mesmo as que vão por vontade própria, estão sendo ludibriadas e o crime não deixa de existir e precisa ser punido”, destaca a diretora, que também coordena o Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas da Sejus.

A integrante do movimento ‘Um Grito pela Vida’, iniciativa da Conferência dos Religiosos e Religiosas do Brasil, irmã Roselei Bertoldo, conta que o crime atinge principalmente mulheres jovens em vulnerabilidade social.

A rede faz um trabalho em todo o Estado, principalmente nas regiões de fronteiras e em festas temáticas no interior do Amazonas sensibilizando para a realidade da exploração e formando lideranças para atuar no enfrentamento ao crime. 

“As pessoas têm dificuldades em se reconhecer na situação de violência e não denunciam por medo ou por desinformação. Nós orientamos para que elas vão até os postos ou a Secretaria de Direitos Humanos”, disse a irmã.

Com a proximidade da Copa do Mundo, a rede iniciou a campanha ‘Jogue em Favor da Vida’ com distribuição de material informativo para prevenir todas as formas de violência que podem ocorrer por ocasião de grandes eventos.

A distribuição de panfletos deve ocorrer no Porto da Ceasa, Manaus Moderna, Rodoviária, aeroportos, BR-174 e nas regiões de fronteira.

O disque 100 ou 180 é o canal de denúncias do crime de tráfico humano do governo federal. A Sejus também recebe denúncias por meio do telefone 3215-2736 e repassa aos órgãos competentes.



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